Cuidado com o Doutor Internet

23 de junho de 2025
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Cada dia mais pessoas consultam sobre doenças e sintomas nas páginas da internet, além de ser comum adotarem recomendações de automedicação ou remédios milagrosos publicados em páginas da Web e nas redes sociais. Cuidado! Isso pode ser um risco para sua saúde.

Nunca houve tantas postagens sobre doenças, tratamentos e saúde nas páginas da internet e em postagens de redes sociais como atualmente. Está cada vez mais fácil encontrar conteúdo online sobre diversos assuntos na área da saúde, seja no aspecto mental ou físico.

Uma dorzinha na região do ombro? Dá um Google. Está se sentindo meio estressada? Fácil. digite: “remédio para tratar do estresse.”

Isso quando não preenchemos aqueles testes de múltiplas respostas que dão o diagnóstico se temos tendência a ter diabetes, se somos candidatos a um infarto do miocárdio antes dos 50 anos, ou apenas medir nosso nível de ansiedade e tendência a depressão.  

A internet se tornou uma forma de buscar um possível diagnóstico para quase tudo o que sentimos.

Enquanto essas pesquisas eletrônicas são percebidas apenas como curiosidade ou diversão, sem problemas. Da mesma forma se tomarmos as informações obtidas apenas como o que realmente são: “informação.”

O problema é assumirmos o que lemos na internet como um diagnóstico. Ou pior, além de obtermos o diagnóstico, partirmos para buscar nos sites e relatos em redes sociais sobre sintomas e tratamentos para diferentes diagnósticos, ou ainda nos juntarmos a grupos on-line para trocar informações sobre doenças.

Se antigamente, nos tempos das nossas avós, a receita para tratar uma doença era um chá caseiro, que em geral não fazia nenhum mal para nossa saúde, hoje, com as facilidades da informação eletrônica, as receitas da vovó foram substituídas por verdadeiras alquimias de remédios mágicos que prometem curar desde o câncer até problemas de calos e micoses nos pés.

Outro fato comum é encontramos nesses grupos alguém que passou pelo mesmo problema de saúde e decide dividir o tratamento que usou com outras pessoas, como se uma receita servisse para todos que forem afetados pelos mesmos sintomas, independente de outros fatores.

Os benefícios da Internet são inegáveis, mas nada substitui o relacionamento direto. O médico precisa ver o paciente e se ele já entra no consultório com uma série de informações que antes não tinha, o profissional de saúde deve estar pronto para dialogar e apontar os caminhos corretos. Portanto, sem condenações à internet.

Essa facilidade em pesquisar informações sobre saúde na internet tem dois lados: um positivo e outro negativo.

O lado positivo é que algumas pessoas utilizam as informações obtidas para procurar um tratamento adequado com a supervisão e orientação de um profissional de saúde ou, ainda, aprender como conviver melhor com alguns tipos de doenças e diagnósticos.

O lado negativo é que muitos fazem seu autodiagnóstico sem nenhum tipo de acompanhamento profissional, geralmente, com base em informações pouco confiáveis. É esse último caso que gera preocupação em profissionais da saúde.

Além de um diagnóstico equivocado e sem nenhuma base científica, dentre os principais riscos do autodiagnóstico estão:

  • Automedicação. Tomar remédios por si mesmo, sem a prescrição de um profissional de saúde que esteja acompanhando o caso, pode acentuar o problema ou causar outras doenças.
  • Optar por tentar tratar sua condição de forma natural, usando vitaminas, medicamentos naturais, chás, entre outros, podendo acabar fazendo um tratamento não adequado para o quadro apresentado.
  • Reações indesejadas pelo uso de medicamentos sem orientação. Cada organismo responde de maneiras distintas a diferentes medicações. Pode ser que o medicamento que funciona para uma pessoa não vá funcionar para outra, podendo trazer até mesmo efeitos colaterais indesejados e piorando o quadro da pessoa que se automedica.

Existem diversos fatores que podem levar uma pessoa a procurar um diagnóstico a partir de informações da internet.

Essa facilidade em acessar uma grande quantidade de informações online, junto com a pressa em obter alguma explicação para o que está sentindo, faz com que as pessoas acabem recorrendo à internet para obter um diagnóstico rápido, descuidando muitas vezes quanto a qualidade ou confiabilidade da informação consumida.

Embora a internet seja uma poderosa e eficiente ferramenta de pesquisa, em questões de saúde nada pode substituir uma conversa franca entre médico e paciente, que até pode incluir o relato de quais conteúdos o indivíduo está consumindo sobre seus sintomas e porque ele acredita naquele diagnóstico.

A saúde mental é outro campo que passou a ter muito espaço nas redes sociais, principalmente durante e após a pandemia. O aumento de páginas e perfis de pessoas – nem sempre profissionais – produzindo conteúdo sobre saúde mental podem levar a deduções errôneas, tais como, um dia em que a pessoa está mais cabisbaixa pode ser apenas uma situação passageira e não um quadro de depressão.

Somente um profissional de saúde, e após a realização de todos os procedimentos e investigações que este julgue necessários, poderá ter maior grau de certeza de um diagnóstico, seja nas questões físicas, seja no aspecto mental.

Mas existe uma vantagem em estar bem informado sobre problemas de saúde que é a conscientização. Os conteúdos online sobre saúde podem ajudar na tomada de consciência sobre algumas condições e potencializar atitudes para reverter este quadro de doença.

Com o diagnóstico clínico e as orientações do profissional de saúde é possível discutir com seu médico sobre o que foi observado na internet e entender se aquilo é benéfico, neutro ou prejudicial ao tratamento prescrito.

Alguém que foi diagnosticado com alta taxa de colesterol pelo médico pode ler que atividade esportiva ajuda no controle e previne doenças cardíacas. Médico e paciente podem discutir sobre a adoção de uma rotina de exercícios que trará resultados positivos ao tratamento.

Entretanto, para que isso ocorra, é essencial que as informações acessadas sejam verdadeiras e confiáveis.

Saúde e Doenças – Dicas para uso da internet

  • Dê preferência a conteúdos produzidos por instituições confiáveis, como universidades, hospitais e pessoas que possam ter suas credenciais checadas;
  • Perfis em redes sociais que divulgam informações sobre saúde e que sejam de autoria de profissionais de saúde devem informar o registro profissional do responsável. Na dúvida, cheque a informação no site do respectivo Conselho;
  • Confira a área de formação do profissional e se é de uma instituição reconhecida;
  • Desconfie de afirmações muito generalistas, tais como: “as mulheres são mais suscetíveis a…” – ou que apresentem algo com eficácia extrema – “100% ou 99% dos que usam/fazem X foram curadas”;

A internet ajuda mais do que prejudica e as pessoas não devem ter nenhuma obrigação de saber distinguir o que está correto. Para isso, consultar um profissional é sempre o mais adequado.

A identificação de sintomas por si só não constitui um autodiagnóstico, no entanto, esses sintomas precisam ser avaliados por um profissional para fechar o diagnóstico de um quadro.

Nossa recomendação é sempre procurar conversar com seu médico sobre as suas preocupações e o que você viu online.

Se tiver dúvidas ou precisar de alguma orientação, acesse os canais de contato DANAMED. Você pode ligar para a Central de Atendimento da DANAMED, pelo telefone 4000-1698 (atendimento 24 horas), ou presencialmente na sala DANAMED nas unidades Dana em Jundiaí, ou informar-se no ambulatório da unidade de Gravataí.