Nadar em águas abertas é arriscado para a saúde?

22 de janeiro de 2025
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A resposta é direta: sim. As atividades físicas em rios, mares e lagos tem a vantagem de estarem em contato com a natureza, mas oferecem mais riscos de doenças e acidentes. Saiba mais.

Segundo registros do Ministério da Saúde, com base em relatórios do Corpo de Bombeiros de diversos estados e do SUS – Sistema Único de Saúde, mais de 60% das ocorrências registradas nos períodos de férias de verão – janeiro e fevereiro, principalmente – tinham relação com acidentes e doenças envolvendo atividades em águas abertas.

Apesar de todo esforço nas ações preventivas e de vigilância para evitar afogamentos e incidentes em rios, represas, lagos e açudes, esse número só cresce, e não apenas com resgate de afogamentos, mas também por acidentes por contato com animais marinhos e doenças causadas pelo contato com águas contaminadas.

As equipes de bombeiros militares procuram dar dicas de locais para banho, bem como entregam material educativo sobre prevenção, mas, apesar das orientações, muitas pessoas insistem em se banhar em regiões arriscadas ou sem a proteção do guarda-vidas.

Se estiver na beira do mar, represa ou lago, verifique se aquela área está liberada para uso. Essa sinalização nas praias é feita com bandeiras coloridas. As cores das bandeiras indicam o nível de risco de afogamento e as condições do mar. 

Bandeira verde – Significa que o mar é tranquilo e o risco de afogamento é baixo. É um sinal de que o local é adequado para banho.

Bandeira amarela – Significa que o risco de afogamento é médio. É um sinal de que as condições do mar não são favoráveis ao banho e nadadores inexperientes não devem entrar na água sozinhos. 

Bandeira vermelha – Significa que o risco de afogamento é alto. É um sinal de que o local não é adequado para banho e indica a presença de correntes de retorno, ondas fortes e outros riscos.

Bandeira preta – Significa que não há guarda-vidas no local. É um sinal de que o local não é adequado para banho.

Bandeira lilás – Significa que há águas-vivas no local. É um sinal de que o banhista deve se distanciar da área.

É importante consultar os postos de guarda-vidas para obter mais informações sobre as condições do mar e evitar nadar em locais onde as ondas são altas ou as correntes são fortes.

Outra preocupação neste período do ano são as conhecidas cabeça d’água (aumento súbito de água) que podem ocasionar vítimas fatais. Como esse também é um período em que ocorrem as conhecidas pancadas de chuva, banhistas são surpreendidos por esse fenômeno natural, sobretudo em rios localizados na base das regiões de serra, quando ocorre o aumento repentino do nível da água de um rio ou cachoeira, em razão de fortes chuvas na cabeceira do rio ou em trechos mais altos do seu percurso.

A cabeça d´água, embora repentina, dá alguns sinais antes de atingir as áreas de banhistas. Algumas alertas da natureza são importantes, como ouvir barulhos (estrondos) provenientes de algo como água, rochas e galhos em colisão e em turbilhonamento, mudança na cor da água, aumento do nível e velocidade de escoamento do rio em período de poucos segundos, bem como a chegada de detritos e sedimentos como folhas, galhos e ramos.

Outra agravante é o abuso por parte dos veranistas nas águas de açudes, represas e lagos. As pessoas acham que estes locais são mais seguros, pois não correnteza e as águas são mais calmas. Entretanto, essas águas escondem muitos perigos como pedras e galhos onde podemos nos enroscar.

Os rios trazem mais um problema: a correnteza. Quando a água está descendo com bastante velocidade existe a presença de espuma, o que não permite que pessoa flutue ou tente nadar. Por mais que a pessoa seja um exímio nadador, ela não vai conseguir e será arrastada pela correnteza até encontrar um ponto onde possa se agarrar e sair daquele fluxo de água, quando isso é possível.

É importante não se banhar em locais ermos e sim onde há maior concentração de pessoas e atendimento de guarda-vidas, os quais ficam em locais específicos.

O Corpo de Bombeiros orienta:

  • Nunca entre em rios de corredeira para atividades de banho ou natação.
  • Se entrar em represas, lagos, tanques naturais, açudes ou remanso de rio, use coletes salva-vidas homologado e de tamanho adequado.
  • Cuidado com o limo nas pedras. Ele pode fazer você escorregar e cair na água.
  • Cuidado com buracos e fundos de lodo, pois você pode afundar rapidamente.
  • Se o rio tiver correnteza, nunca entre na água acima do joelho.
  • Nunca mergulhe de cabeça.
  • Se perceber alguém em dificuldade, não tente entrar sozinho na água para realizar o socorro. Ao invés disto, chame por ajuda e jogue qualquer material de flutuação para ajudar.

Higiene e balneabilidade

Mesmo sendo frequentemente submetidas a análises, é preciso estar ciente de que as águas naturais não são tratadas com cloro. Assim, a poluição e a contaminação das águas abertas devem ser levadas a sério, pois os riscos de infeção associados são mais elevados.

Problemas de pele, nos olhos, ouvidos ou na garganta, além de incômodos gastrointestinais e dores no corpo em geral, são consequências desagradáveis que podem resultar do contato com essa água contaminada (veja nota nesta edição do DANAMED Comunica sobre Viroses).

Balneabilidade é a qualidade da água para atividades de recreação que envolvem contato direto e prolongado. As secretarias municipais e estaduais de meio-ambiente e os organismos de vigilância sanitária realizam periodicamente a análise de balneabilidade em praias litorâneas e em águas interiores, como lagos e reservatórios. 

A balneabilidade é classificada como própria ou imprópria. Os locais impróprios são sinalizados com bandeiras ou placas vermelhas. 

Para evitar doenças ou infecções, é importante: 

  • Não se banhar em águas impróprias.
  • Evitar o contato com cursos de água que conduzam à praia.
  • Evitar praias, lagos, represas ou rios com qualidade de água desconhecida.
  • Evitar entrar na água após fortes chuvas.
  • Evitar a ingestão de água do mar ou represadas ou mesmo em correntes de água de rios e ribeirões.

Para evitar problemas e estragar sua diversão, é importante antes de entrar na água certificar-se de sua boa qualidade e se as condições da água permitem a natação e prática de outras atividades aquáticas esportivas ou de lazer.

E não se esqueça: proteção solar, hidratação e alimentação leve nestas ocasiões.