Brincar e jogar também é para adultos!
Muito além da diversão, jogos e brincadeiras são capazes de proporcionar benefícios importantíssimos aos adultos, como o alívio de estresse, melhora nas relações sociais e risadas, muitas risadas.
Já é uma verdade estabelecida e confirmada que brincar é essencial para o desenvolvimento das crianças e deve ser sua principal atividade, pois é através desses momentos que ela descobre o mundo, testa hipóteses e explora sua criatividade.
Mas, se brincar é tão importante, por que não praticar o brincar quando adulto?
Novas pesquisas sugerem que os adultos modernos estão sofrendo de um excesso de tristeza. Ao passarmos para a idade adulta, abandonamos a espontaneidade e nosso instinto natural de brincar, e isso está causando todos os tipos de problemas – tanto para nós mesmos, quanto nossos filhos e familiares e até mesmo outras pessoas.
É muito comum os adultos usarem expressões que dão sentido negativo à brincadeira. Basta ver os comentários que nós mesmos fazemos em certas ocasiões, como “deixa de brincadeira”, “aqui não é lugar para brincadeiras”, ou ainda ter a convicção que “ao brincar estou perdendo meu tempo”.
O que esquecemos de considerar que é o principal objetivo do jogo ou da brincadeira nada mais é do que garantir diversão e inserção a um grupo para todos os seus jogadores, resultando naquilo que chamamos de usar o tempo livre com qualidade.
Assim, ao nos tornarmos adultos, existe uma tendência em deixar de lado a ludicidade e a imaginação, focando mais em aspectos lógicos ou racionais.
Segundo o psiquiatra norte-americano Stuart Brown, o oposto de brincar não é o trabalho; é a depressão. Várias pesquisas demonstram os efeitos positivos do brincar no nosso cérebro desde a infância até a maturidade. O doutor Brown, psiquiatra e fundador do National Institute for Play, afirma: “Nada ilumina mais o cérebro do que brincar.“
Em seu livro: “Play: How it shapes the brain, opens the imagination and invigorates the soul” (Brincar: como ele forma o cérebro, abre a imaginação e revigora a alma”- 2010), Brown enfatiza que brincar é uma necessidade biológica básica para a sobrevivência dos animais e dos seres humanos por toda a vida.
Viver o ócio, praticar um hobby ou atividades que permitam que nossa criatividade esteja livre, é essencial para ter mais leveza no nosso dia a dia, expandir e explorar nossos horizontes e possibilidades ou apenas relaxar e descontrair.
Além disso, um dos importantes atributos da brincadeira é contribuir para o desenvolvimento da criatividade e da inovação, habilidades cada vez mais importantes no mundo do trabalho.
Mas atenção. É importante ressaltar que, mesmo tendo pontos em comum, o brincar adulto se manifesta de formas diferentes daquele que acontece na infância. O brincar na vida adulta vai muito além daquele momento em que um adulto está interagindo com uma criança e seus brinquedos.
Pode sim acontecer através da interação com uma criança, mas pode ser também um jogo, um hobby, uma leitura, um esporte, uma atividade artística, e por aí vai.
Um dos maiores benefícios do brincar na vida adulta é contribuir para a qualidade da saúde mental, aliviando o estresse e as preocupações. As brincadeiras, os jogos e os momentos de lazer podem contribuir muito para a nossa qualidade de vida, desenvolvendo a autoconfiança, resiliência.
Além disso, as brincadeiras contribuem para fortalecimento de habilidades cognitivas e para as relações sociais.
A brincadeira social é sempre cooperativa; o objetivo não é vencer, mas manter o jogo em andamento. Se você não quiser que seu companheiro de brincadeira desista, terá que se revezar e jogar limpo. Como resultado, as brincadeiras sociais reforçam os aspectos igualitários da vida em grupo.
As brincadeiras de adultos promovem a inclusão, a cooperação, a criatividade, a adaptabilidade e o igualitarismo – todas as qualidades que nós, seres humanos, poderíamos usar com mais frequência.
Diante de ameaças graves, como as guerras e as mudanças climáticas, é tentador entrar em uma espiral de seriedade. Mas isso é exatamente o oposto do que precisamos fazer. “Brincar é olhar para um mundo difícil com criatividade e otimismo. Ela nos dá a capacidade de cooperar e conviver com pessoas que são diferentes de nós”, diz Brown.
Ele chega a declarar que “a brincadeira dos adultos é necessária para nossa sobrevivência como espécie”.
Da próxima vez que você for pego brincando, pode responder. “Não estou perdendo tempo ou agindo de forma imatura, estou brincando para viver melhor e ser mais criativo. Estou brincando para o benefício de toda a humanidade.” E isso não é brincadeira!